sábado, 23 de abril de 2011

The Nobodies / Os ninguéns

Texto referente a interpretação do video e letra por: Flávio Roberto Sobral Delgado.
Obsr: o nome Nercia não consta nos autos desta obra, reconheço assim, ser totalmente, para complemento da minha interpretação.


A vovó Nercia falou que se eu não obedecesse, Deus me castigaria!! Mas se Deus é tão misericordioso, perdoa a tudo e a todos, por que ele haveria de me castigar? Toda essa bondade de Deus não se aplica a mim e ao meu irmão!! Por que eu sou diferente de todos os outros? Eu apenas estava com fome e comi uma broa a mais, e por isso, somente por isso, a minha avó me condenou com a autoridade que tem por se dizer filha de Deus!! E o que ela faz comigo e meu irmão não conta? Eu sou apenas uma criança enclausurada, numa suposta sacristia, declamada pelo ego da minha avó que em seu fóssil âmbito de loucura ela pergunta: há alguém mais temente a Deus do que eu?? Não faz sentido, temente por que? Se Deus perdoa a tudo e a todos; eu sou apenas uma criança, mas sei que o que a minha avó faz comigo não é bom, pois me machuca, dói por dentro e dói mais ainda por não saber o que fazer para ajudar a mim mesma e a meu pobre irmão Alfred. Minha avó grita em alto e bom som, para quem quiser ouvir, que eu e meu irmão somos sujos, fétidos, horrendos, incuráveis de um mal sem precedentes, por isso se faz justificável eu ficar presa, enclausurada. Talvez a vovó tenha razão, ela não nos expõe para o bem da nossa família. Para o nosso bem!? Mas se sofremos de algum mal, será que quando morremos as pessoas boas, assim como a vovó, irão nos reconhecer como um deles? Pois ainda seremos sujos, fétidos, horrendos, incuráveis de um mal sem precedentes. Será que quando morrermos, nos tornaremos alguém? Ou continuaremos a ser indizíveis, invisíveis? E por fim, nos desfragmentaremos como um corpo carbonizado ao vento?? Pois se não somos filhos de Deus, somos o que? Desalmados!! A vovó esta certa, não irei mais questioná-la, pois ela agora a pouco afirmou que há uma esperança de cura para mim e meu irmão, sob a condição de ambos não mais questioná-la!! Não irei mais fazer dela um bicho de duas cabeças ou pensar que ela andará ao lado dela mesma, como se olhar para ela fosse me ver a sua imagem e semelhança futura, reflexo do seu semblantes de ser ou parecer com ela interiormente e esteticamente, pois sinto um vazio imensurável emanando dela. Não mais farei isso. Serei eu e apenas eu, e meu irmão!!

Flávio Roberto Sobral Delgado

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