domingo, 22 de janeiro de 2012

O casarão e os ratos

João tem uma casa que é habitada por ratos
A casa que era de João agora é dos ratos
E o queijo que era dos ratos ficou para João, pois dava queijo para os roedores, que só se multiplicavam por meses
Em conseqüência de uma solidão desenfreada, João perdeu o controle da situação
Agora com o casarão completamente dominado por ratos, João começa a retornar a terra e se perceber
agora que está sem dinheiro e emprego não sabe o que fazer
todo dinheiro que tinha investiu na restauração do casarão
bendita mansão!
O que antes era visto como uma benevolência em João e até pelo próprio João, virou tormento e arrependimento
João culpa-se pela praga de ratos que se estabeleceu em sua querida e aconchegante mansão
- Matá-los ou não matá-los, eis a questão?
- Matando-os, primeiramente, matarei a mim, pois trairei a verdadeira interação de dias intermináveis de quando estava preso em mim, que eu mesmo estabeleci
-Eu os atraí para este lugar e propiciei favoravelmente a esta insana e incomum convivência, dei migalhas para ter companhia e aos poucos eles conquistaram o meu lar.
-Ao invés de expulsá-los, farei o mesmo que eles, tonarei o meu terreno psíquico mais propício
Para um recomeço com fortes alicerces sem roer a minha própria estrutura
Fazer acontecer, permanecer e me firmar por menor que eu seja, por mais julgado que tenha sido ou que eu venha a ser
Não me penitenciarei, não mais! Agora, eu só aprenderei.

Os exemplos podem vir de onde menos se espera.


Flávio Roberto Sobral Delgado

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Vulva la Vida - Vida lá vou eu!

Por Mabel Dias

Falta menos de uma semana para começar a segunda edição do Festival de Contra Cultura Feminista, Vulva La Vida, que vai revolucionar a capital baiana, Salvador.

De 24 a 29 de janeiro, mulheres de diversas partes do planeta estarão juntas participando de shows, debates, rodas de diálogo, oficinas e tantas outras atividades. O Vulva La Vida é um festival totalmente autônomo, independente, faça você mesma, como foi dito desde a convocatória que deu início a ele em 2011, e este tem sido o seu grande diferencial. Desta forma, as organizadoras do Vulva mostram que não é preciso ficar esperando por projetos de governo, empresas ou de Ongs para poder produzir algo, seja lá o que for. E o Vulva La Vida, sem maiores pretensões, está conseguindo aos poucos seus objetivos: reunir mulheres, garotas, meninas para poder discutir sobre feminismo, política e contra cultura, mostrando que é possível produzirmos algo quando queremos e de forma autogestionada.

Da primeira edição do festival, surgiram muitas ideias, shows e até um documentário, que recebeu o título de ‘Vulva La Vida – Vida lá Vou eu’ (título que dá nome a este texto), muito bem produzido, com uma linda capa, desenhada pela anarcopunk Marina Chen, e com belos depoimentos das mulheres que fazem parte do Coletivo Vulva La Vida – formado a partir do primeiro festival, e tem servido de ótima divulgação para que este ano o número de participantes cresça avassaladoramente. Não é à toa que a maioria das oficinas, entre elas, ‘O Cabelo é feminista’, ‘A verdade crua do corpo nu’, e ‘Oficina de escrita feminista’ esgotaram suas inscrições em poucos dias depois de anunciada a programação.

O Vulva La Vida é uma ótima surpresa para aquelas mulheres que estavam em busca de algo que envolvesse temas como estes que estão sendo discutidos no festival, e principalmente, pudessem ter a liberdade de se expressar como quisessem. Autonomia é essencial! Sem falar nos shows e performances que acontecerão durante o festival, feito por mulheres, onde podemos ficar a vontade, entre nós. E não é apenas porque mulheres estão fazendo, mas sim porque existe na essência do Vulva La Vida a horizontalidade, a solidariedade, o feminismo, e as quebras das relações de consumo e da estética. Outros importantes diferenciais.

Participei da primeira edição do festival, que foi realizada em janeiro do ano passado, e agora me preparo para o segundo. Desta vez, vou realizar uma roda de diálogo sobre as mulheres anarquistas e as feministas autônomas. Além disto, vou poder (re) encontrar e conhecer amigas feministas de longa data; algumas que só me comunico via internet. Tenho certeza que este Vulva La Vida será mágica!

De fato, havia uma carência de ações assim no Brasil, e em especial no nordeste. Me lembro que quando foi lançada a convocatória para a realização da primeira edição do Vulva La Vida havia o desejo (e acredito que ainda há) de que esta proposta se disseminasse por outras partes do país e do mundo. Porque não?! Se o Vulva La Vida já chegou a outros países, nada mais esperado que esta idéia se realize por todos os cantos do globo.

É como diz o Coletivo Vulva La Vida: “mude o mundo, comece por você!” E a partir deste festival, nós mulheres vamos começar a mudar o mundo. E a nós mesmas!
Para saber mais sobre o Festival Feminista Vulva La Vida, acesse o blog: http://festivalvulvalavida.wordpress.com/programacao-2012/

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Circunstâncias

Eu quero tragar o tragável instante momento, sem arrependimento, lamento
Mas se eu lamentar por um arrependimento,
Que não seja pelo ato ou por proferir e em conseqüência ferir intencionalmente.
Longe de mim desejar o mal
Ou por algo que eu deveria fazer e não fiz
Mas se assim for, que seja por uma apimentada a mais de um adjetivo ou ato inconcluso inconscientemente que eu não me atentei no momento
Se eu inconscientemente expressar o inexpressível que seja registrado de alguma forma para que eu possa expressar por mais vezes.
Agora, seu eu indagar o injusto, o indagável, quero ter sempre os pés no chão
Com visão de gavião, a memória de elefante e língua de V de Vingança
Transparência na minha aparência, intríseca, expandido-se de dentro para fora
E equalizando-se em atitudes com reconhecimento autônomo para que assim as incrédulas mentes não repudiem o fato de ainda existir boas pessoas nesta vida, tapando a própria visão por desilusões passadas. Para que não continuem a cavar suas próprias covas.



Flávio Roberto Sobral Delgado