João tem uma casa que é habitada por ratos
A casa que era de João agora é dos ratos
E o queijo que era dos ratos ficou para João, pois dava queijo para os roedores, que só se multiplicavam por meses
Em conseqüência de uma solidão desenfreada, João perdeu o controle da situação
Agora com o casarão completamente dominado por ratos, João começa a retornar a terra e se perceber
agora que está sem dinheiro e emprego não sabe o que fazer
todo dinheiro que tinha investiu na restauração do casarão
bendita mansão!
O que antes era visto como uma benevolência em João e até pelo próprio João, virou tormento e arrependimento
João culpa-se pela praga de ratos que se estabeleceu em sua querida e aconchegante mansão
- Matá-los ou não matá-los, eis a questão?
- Matando-os, primeiramente, matarei a mim, pois trairei a verdadeira interação de dias intermináveis de quando estava preso em mim, que eu mesmo estabeleci
-Eu os atraí para este lugar e propiciei favoravelmente a esta insana e incomum convivência, dei migalhas para ter companhia e aos poucos eles conquistaram o meu lar.
-Ao invés de expulsá-los, farei o mesmo que eles, tonarei o meu terreno psíquico mais propício
Para um recomeço com fortes alicerces sem roer a minha própria estrutura
Fazer acontecer, permanecer e me firmar por menor que eu seja, por mais julgado que tenha sido ou que eu venha a ser
Não me penitenciarei, não mais! Agora, eu só aprenderei.
Os exemplos podem vir de onde menos se espera.
Flávio Roberto Sobral Delgado
Por Mabel Dias
Falta menos de uma semana para começar a segunda edição do Festival de Contra Cultura Feminista, Vulva La Vida, que vai revolucionar a capital baiana, Salvador.
De 24 a 29 de janeiro, mulheres de diversas partes do planeta estarão juntas participando de shows, debates, rodas de diálogo, oficinas e tantas outras atividades. O Vulva La Vida é um festival totalmente autônomo, independente, faça você mesma, como foi dito desde a convocatória que deu início a ele em 2011, e este tem sido o seu grande diferencial. Desta forma, as organizadoras do Vulva mostram que não é preciso ficar esperando por projetos de governo, empresas ou de Ongs para poder produzir algo, seja lá o que for. E o Vulva La Vida, sem maiores pretensões, está conseguindo aos poucos seus objetivos: reunir mulheres, garotas, meninas para poder discutir sobre feminismo, política e contra cultura, mostrando que é possível produzirmos algo quando queremos e de forma autogestionada.
Da primeira edição do festival, surgiram muitas ideias, shows e até um documentário, que recebeu o título de ‘Vulva La Vida – Vida lá Vou eu’ (título que dá nome a este texto), muito bem produzido, com uma linda capa, desenhada pela anarcopunk Marina Chen, e com belos depoimentos das mulheres que fazem parte do Coletivo Vulva La Vida – formado a partir do primeiro festival, e tem servido de ótima divulgação para que este ano o número de participantes cresça avassaladoramente. Não é à toa que a maioria das oficinas, entre elas, ‘O Cabelo é feminista’, ‘A verdade crua do corpo nu’, e ‘Oficina de escrita feminista’ esgotaram suas inscrições em poucos dias depois de anunciada a programação.
O Vulva La Vida é uma ótima surpresa para aquelas mulheres que estavam em busca de algo que envolvesse temas como estes que estão sendo discutidos no festival, e principalmente, pudessem ter a liberdade de se expressar como quisessem. Autonomia é essencial! Sem falar nos shows e performances que acontecerão durante o festival, feito por mulheres, onde podemos ficar a vontade, entre nós. E não é apenas porque mulheres estão fazendo, mas sim porque existe na essência do Vulva La Vida a horizontalidade, a solidariedade, o feminismo, e as quebras das relações de consumo e da estética. Outros importantes diferenciais.
Participei da primeira edição do festival, que foi realizada em janeiro do ano passado, e agora me preparo para o segundo. Desta vez, vou realizar uma roda de diálogo sobre as mulheres anarquistas e as feministas autônomas. Além disto, vou poder (re) encontrar e conhecer amigas feministas de longa data; algumas que só me comunico via internet. Tenho certeza que este Vulva La Vida será mágica!
De fato, havia uma carência de ações assim no Brasil, e em especial no nordeste. Me lembro que quando foi lançada a convocatória para a realização da primeira edição do Vulva La Vida havia o desejo (e acredito que ainda há) de que esta proposta se disseminasse por outras partes do país e do mundo. Porque não?! Se o Vulva La Vida já chegou a outros países, nada mais esperado que esta idéia se realize por todos os cantos do globo.
É como diz o Coletivo Vulva La Vida: “mude o mundo, comece por você!” E a partir deste festival, nós mulheres vamos começar a mudar o mundo. E a nós mesmas!
Para saber mais sobre o Festival Feminista Vulva La Vida, acesse o blog: http://festivalvulvalavida.wordpress.com/programacao-2012/
Eu quero tragar o tragável instante momento, sem arrependimento, lamento
Mas se eu lamentar por um arrependimento,
Que não seja pelo ato ou por proferir e em conseqüência ferir intencionalmente.
Longe de mim desejar o mal
Ou por algo que eu deveria fazer e não fiz
Mas se assim for, que seja por uma apimentada a mais de um adjetivo ou ato inconcluso inconscientemente que eu não me atentei no momento
Se eu inconscientemente expressar o inexpressível que seja registrado de alguma forma para que eu possa expressar por mais vezes.
Agora, seu eu indagar o injusto, o indagável, quero ter sempre os pés no chão
Com visão de gavião, a memória de elefante e língua de V de Vingança
Transparência na minha aparência, intríseca, expandido-se de dentro para fora
E equalizando-se em atitudes com reconhecimento autônomo para que assim as incrédulas mentes não repudiem o fato de ainda existir boas pessoas nesta vida, tapando a própria visão por desilusões passadas. Para que não continuem a cavar suas próprias covas.
Flávio Roberto Sobral Delgado